cronicas

Leiam como se fosse um livro. São materias selecionadas publicadas ao longo da minha vida em alguns jornais e revistas. A minha unica intenção é, além de proporcionar diversão e entretenimento fazer com que voces conheçam um pouco mais do que penso a respeito de quase tudo o que nos cerca, e pra que depois ninguém ouse dizer que eu não tenha feito a minha parte. Sejam bem vindos!!!

22 de ago. de 2008

Coisas do nosso futebol

Enquanto faziam cabelo e barba nas nossas seleções, na dos marmanjos e na nossa seleçinha, a dos meninos sub-20, lá no Uruguai e na Argentina, respectivamente, um time de futebol amador, lá do sertão da Paraíba saía do anonimato graças à realização de um pequeno sonho. O de ver de perto, ao vivo e a cores, o grande templo da paixão nacional, o glorioso Maracanã. Então sem nenhuma disponibilidade de verbas para financiar adequadamente a tal arrojada empreitada, deram o já famoso jeitinho e se viraram como puderam para que isso se tornasse possível. Não, não será por falta de dinheiro... Um rifou cinco galinhas! O outro penhorou o relógio... O lider da "coisa", sempre o mais esperto, é claro, botou a sua esposa pra trabalhar no seu lugar, talvez até pra que não se perdesse muito tempo, sei lá, enquando ele se ocupava da parafernália organizativa. Quem parece não ter gostado muito foi o que cedeu suas cabritas ao irmão mais velho. Tava com cara de quem perdeu a namorada... Mas não deve ter lhe faltado consolo. Mais vale o sonho do que o sacrifício. Jogo marcado, tudo nos conformes e pé na estrada... O Rio de Janeiro continua lindo! E vamo que vamo e dá-lhe gororoba, farinha de mandioca e cachaça... Continua sendo... Cidade maravilhóóósaaa... O jogo contra a turma do sindicato não sei de quê nem foi no magestoso Mário Filho, nome oficial do estádio em questão. Foi na várzea! E se perderam? Claro que sim!!! Talvez a presença das câmeras da TV os tenha inibido um pouco. O cara das cabritas entrou em campo ainda cabreiro... Ou talvez pelo excesso de preciosismo de alguns querendo mostrar serviço, driblando em extremado e infrutífero exagero, porque antes do embate clássico correu o boato de que um tal olheiro do Vasco estaria disfarçado entre os torcedores. Ou foi por conta da tal de ansiedade. Cansaço, nem pensar! Por que lá na Paraíba o cabra é macho, assim como as mulheres... Já o maior do mundo estava às moscas, assim sendo puderam rolar na sagrada grama à vontade. E deram cambalhotas feito o Caio... Alguns até a comeram, realmente! E ainda não se sabe porque nem se deram conta de que alí, naquele mesmo lugar, com o maior público de sua história, lá pelos idos 50, começávamos a virar "freguês" da seleção do Uruguai. A volta prá casa foi apoteótica. E devidamente registrada pelo FANTÁSTICO! Com direito à foguetório e muito, muito mais. Perderam, mas levaram a taça... E que bela taça! E alguém lá ía ousar lembrar, em meio àquela farra toda, de que um dia perderam pra turma do sindicato não sei de quê numa tarde carioca fatídica ??? Digam o que disserem as más linguas, eles venceram. Verdadeiros heróis do impossível. Sim, por que quase não significa quase nada, e por que lá estavam autoridades e toda uma cidade aos seus pés... Naquele lugar esquecido por deus, sonhar ainda representa tudo! E enquanto isso nosso futebol oficial agoniza, não só por que perde, mas por que não convence. Primeiro é preciso jogar prá depois pensar em ganhar, não é não? Aliás, fosse eu imbuído de poder suficiente, uma vezinha só, estabeleceria uma nova regra, que a meu ver poderia solucionar de vez por todas a problemática do anti futebol exibido hoje em dia. Jogaram mal, perdem ambos os pontos disputados. Mesmo que por sorte um tenha ganho no tempo normal. Assim, tanto a nossa seleção quanto a do Uruguai não fizeram por merecer absolutamente nada. Nesses tempos obscuros de escassez cultural e ver todas as tevês do país ligadas no mesmo jogo, e futebol que é bom mesmo nada, como diria minha avó, é um disperdício irrecuperável. E em se falando nisso, não é estranho não comentarem nada nas propagandas do governo a respeito de desligarmos os nossos aparelhos??? Até parece que televisão não consome energia... Seria uma boa maneira de aprimorar o nosso nível educacional, de modo geral. A não ser que voces prefiram continuar ouvindo verdadeiros imbecís afirmando que faltou gana aos nossos jogadores. Ahahahahaaa. Gana sim, grama talvez... Mas grana não!!! Será que nossos meninos "boleiros" andam complexados por ganharem tanta, enquanto nas arquibancadas a massa rala para apenas e tão somente sobreviver? E assim só conseguem jogar bem lá prás bandas das "Ôropa"? É, 10 mil dólares por dia pra driblar o goleiro e chutar pra foraaa... Ah, se eu não tivesse trocado a bola pela boemia... E nem mesmo o esforço patriótico do delicioso guaraná Antarctica conseguindo expulsar pra bem longe a ingerência nefasta da Coca Cola nas cores das nossas amadas camisas amarelas e nem mesmo ninguém poderá mudar esse curso que se apresenta carregado de nuvens negras para o nosso idolatrado esporte bretão... A não ser que encontrem urgentemente pessoas que façam, antes de mais nada, dos sonhos o princípio de tudo na vida. O dinheiro não pode sufocar a magia. Aliás, muito pelo contrário, é pra isso que é bom tê-lo! Mas a grande sacada não foi de nenhum jogador da nossa seleção de volei, indiscutivel e merecidamente campeã da Liga Mundial. Ela veio de um menino, pequeno gênio das artes plásticas, quando perguntado pela repórter de qual pintor ele mais gostava. Do alto de sua doce sabedoria infantil inocente e com ares doutorais, mandou um verdadeiro "jornada nas estrelas", sem nem ao menos tirar os olhos do que fazia: "ah, é do PICASSO, ora! Os quadros dele são a maior bagunça." É, se as pernas fraquejam, as mãos sustentam a espada...



publicada em julho de 2001

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