cronicas

Leiam como se fosse um livro. São materias selecionadas publicadas ao longo da minha vida em alguns jornais e revistas. A minha unica intenção é, além de proporcionar diversão e entretenimento fazer com que voces conheçam um pouco mais do que penso a respeito de quase tudo o que nos cerca, e pra que depois ninguém ouse dizer que eu não tenha feito a minha parte. Sejam bem vindos!!!

2 de jul. de 2008

Carta do leitor

Na edição número 514, de 24 de maio de 2003, em sua página 6, foi veiculado o artigo Considerações Fúnebres Radicais, de autoria do jornalista Marcos Saad. O nobre colega quando faz referência em seu texto:
"me parece bastante óbvio que a nossa necrópole local".................cometeu - se um equívoco, pois podemos afirmar categoricamente que os fatos aqui relatados pelo jornalista jamais ocorreram ou ocorrem no Cemitério Municipal..............................respeitamos a opinião pessoal do nobre colega, quanto aos fornos crematórios, mas não podemos aceitar que sejam veiculadas na imprensa inverdades a respeito da conduta da administração e dos funcionários......................... temos de ressaltar que a quem acusa constitui o ônus da prova e indagamos ao nobre colega quando e como e em quais situações ocorreram os fatos por ele relatados............................porém calúnias infundadas ou acusações sem provas são crimes................................ apesar de considerarmos que todo radicalismo é pernicioso........ a afirmação de que ossadas teriam sido misturadas também é muito grave .......................... e isto posto solicitamos do nobre colega que apresente as provas de suas declarações ou retrate-se publicamente de suas considerações............

Retratação (?) fúnebre radical

Sem esssa de NOBRE, muito menos COLEGA!!! Não confundam novamente alhos com bugalhos. Até agora não consigo entender de onde voces tiraram que o meu artigo denigre a imagem da administração do Cemitério Municipal. Muito pelo contrário, administrar o CAOS, não só pode como deve ser considerado um grandissíssimo ELOGIO! E não é pra qualquer um não. Logo portanto, a meu ver, essa jogadinha sórdida de me colocar à mercê da ira do funcionário Gilberto Noronha não vai "colar". Voces dois só não deram com os burros n'água por que já cairam antes mesmo de montá-los... E eu quando no exercício da minha sagrada profissão, ainda não cometi nenhum equívoco. Os equívocos são prerrogativas de profissionais incompetentes. Então insisto em reafirmar tudo o que disse, vírgula por vírgula. Qualquer criança com razoável nível intelectual, e desde que já saiba ler, é claro, pode perceber e identificar com clareza o tom jocoso com o qual tratei o assunto, por demais macabro pro meu gosto. Foi uma maneira encontrada, ou mesmo um artifício literário, de não ficar repetindo o ÓBVIO. Sim, por que tudo o que escrevi foi dito e repetido inúmeras vezes por membros do poder municipal constituído, e isto está devidamente registrado nos arquivos dos jornais da cidade, à disposição dos interessados, principalmente por ocasião das tentativas de se inaugurar o NOVO cemitério, ainda sob júdice, no afã de convencer a opinião pública e assim justificar a urgência e a necessidade prementes de tão nobre empreendimento funerário. É, a memória anda curta... Ou definitivamente, voces não conseguem entender mesmo o que lêem. Me é chato chegar a esssa conclusão, mas o fato é que, de fato, eu confesso, plagiei e não disse nada de novo... A boa notícia, por outro lado, é que não posso ser condenado por esse "crime". Quanto às ossadas misturadas, eu mesmo cheguei a ver com esses olhos que a terra não há de comer - por que serei cremado -, não foi só uma não, mas umas duas ou tres vezes e sei de muita gente que também já viu e pode querer testemunhar... Os sacos plásticos negros sujos de cal "jogados" em um canto estratégico nos jazigos com dois ou mais crânios o que pode significar??? Que eu saiba não há muitos siamêses por aqui... Se exumaçôes indiscriminadas se referem a ossadas jogadas em caçambas papa entulho, cabe então perguntar, me desculpem, em que planêta voces estavam? Esse fato foi largamente explorado pela mídia local, tambem não só uma, mas muitas vezes. Agora, quanto a provar, só mesmo se fazendo exame de DNA. Mas já que é crime, reza a prudência que deixemos a coisa como está. Essa "bomba" pode muito bem estourar onde voces não irão gostar... De qualquer maneira, não vejo tanta necessidade assim de se provar nada. De todo jeito será sempre a nossa palavra contra a de quem quer que seja. E essa discussão, além de muito enfadonha, já passa do limite de nossa surrada tolerância. Trocando em miúdos: o meu saco anda prestes a explodir... No mais, até aceito como normal esse tipo de manifestação, reacionária é bem verdade, mas perfeitamente compreensível, principalmente quando se insere nessa polêmica toda o termo FORNO CREMATÓRIO. E eu esperava coisas até bem piores, se é que isso possa interessar a voces. O ato de cremar suscinta, realmente, no imaginário das pessoas, pensamentos inexplicáveis. Quando não usam de radicalismos religiosos pra justificar contrariedade ao ato em si, usam a religião para encobrir o verdadeiro interesse da questão. A discussão é filosófica, mas o interesse é meramente financeiro. Um forno crematório, ao contrario da TERRA, é um desagregador de valores. Com o passar do tempo, e a medida que se "acostuma" com a cremação, vai se despojando o defunto, ou o cadáver como queiram, de toda uma parafernália material que já não se faz mais necessária, como caixões e túmulos suntuosos ( e caros!), lápides, mármores, esculturas angelicais, etc etc etc... e até mesmo roupas. E isto contraria o interesse de muito mais gente do que se possa pensar. Finalizando, sou obrigado a concordar "que todo radicalismo é pernicioso, caro e prejudicial à sociedade", segundo as palavras dos reclamantes, mas isso se relaciona somente ao âmbito do campo de visão no qual nos encontramos. Por exemplo, prá mim voces foram radicais demais ao me criticar. E me cabe lembrá-los da história de um outro radical de carteirinha muito conhecido, chamado de Einstein, que desatou o nó da teoria atômica e que possibilitou aos americanos fabricarem duas bombas e de as despejarem sobre o Japão, já totalmente entregue e com sua rendição assinada, somente com o intuito de comprovar na prática se a radicalidade teórica funcionaría... É, e foi mesmo um grande "criminoso" esse tal de Einstein... E fim de papo!!!

publicada em junho de 2003